segunda-feira, 9 de abril de 2012

Documentário “O Que Há Por Trás?” promove luta contra homofobia

Por : Andréia Machado 


Uma muralha tão alta que poucos conseguem superar os obstáculos e olhar além de suas paredes. Esta muralha está por toda parte da vida em sociedade. Trata-se da muralha do preconceito, uma das mais resistentes já criadas pelo ser humano. Mas afinal, o que há por trás das paredes da discriminação?  Se há algo oculto, só existem duas formas de aceitar como ele foi parar onde está: ou alguém o escondeu, ou o que quer que esteja por trás das muralhas do preconceito se ocultou por espontânea vontade. Para compreender quais razões, como vivem e o que fazem os sujeitos que habitam o outro lado do mundo separado pela muralha, o documentário “O Que Há Por Trás?” procurou dar voz a um grupo constantemente discriminado: as travestis.
O curta-metragem de dezenove minutos mostra o cotidiano e a intimidade de três travestis: Paola, Leo e Lorena. Elas se prostituem em Vilhena, na clássica Avenida Presidente Nasser. Dentre revelações polêmicas sobre como acontece um programa, o filme aborda, por meio de depoimentos e histórias de vida dos personagens, o descobrir-se homossexual ainda na infância, o modo de vida itinerante nos pólos de prostituição do Estado e os sonhos das travestis ainda vítimas do preconceito da sociedade.
O curta-metragem não trás respostas, apenas indaga e promove uma reflexão. O duplo-sentido do título chama atenção e serve para revelar o lado que as pessoas não enxergam por baixo da maquiagem e da condição de vida das travestis.
O documentário “O Que Há Por Trás?”, foi produzido pelos membros do grupo Serpentário produções    Andréia Machado, Flávio Godoi, Dennis Weber e Washington Kuipers.  Segundo Flávio, as palavras “travesti” e “prostituição” são tão marcantes e rejeitados pela sociedade que, durante a realização do documentário, a equipe responsável pela sua produção provou um pouco do preconceito através de comentários de discriminação publicados na internet.
Segundo Andréia, a intenção, ao produzir o documentário, foi de lutar contra a homofobia e preconceito direcionados às travestis. “Pretendemos, assim, durante as exibições do documentário promover debates sobre a violência cometida contra o grupo minoritário das travestis,  além de desenvolver a cidadania desse grupo que, dentre os excluídos GLBTTT, são os mais marginalizados e estão fora de qualquer possibilidade de inclusão social, seja na escola, na saúde, na família e no mercado de trabalho. Com acesso gratuito a essa expressão cultural, busca-se minimizar preconceitos através da arte e do conhecimento.”, explica Andréia. O documentário vilhenense foi postado na internet e mais de 50 mil pessoas já assistiram a produção.
De acordo com Andréia, o documentário “O que há por trás?” privilegia a cultura da diversidade, abordando as múltiplas interpretações sobre gênero, sexualidade, orientações sexuais, identidades que fogem aos esquemas binários (masculino e feminino). O documentário já foi exibido para acadêmicos de vários cursos da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e da Faculdade da Amazônia – FAMA, além de pessoas ligadas a vários setores da sociedade que participaram do lançamento da obra audiovisual.  “O que há por trás?” também já foi exibido no festival “Só Curtas”, de Ji-Paraná (RO) e na IV Mostra do Filme Etnográfico, em Manaus (AM).
“O Que Há Por Trás?” recebeu o Prêmio do Júri do Festival Só Curtas realizado em Ji-Paraná, na categoria documentário. O prêmio foi conquistado pela abordagem do tema “preconceito” de forma leve e criativa, foi o que destacou o júri formado por uma comissão de Porto Velho. A produção recebeu ainda o Prêmio Casa Rondon de Comunicação, em Vilhena (RO). O filme foi exibido em Goiânia (GO), além de outros festivais nacionais, provocando assim uma reflexão sobre a homofobia.

Projetos culturais do Serpentário Produções serão patrocinados pelo Banco da Amazônia



   Dois projetos culturais do Serpentário Produções de município de Vilhena foram selecionados pelo Edital de Patrocínio 2012 do Banco da Amazônia. Os projetos dizem respeito a eventos de fortalecimento da cultura quilombola e à confecção de uma revista em quadrinhos em homenagem ao centenário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que serão produzidos por jovens do grupo Serpentário Produções.

O primeiro projeto, de autoria do web designer Washington Kuipers, chamado “Reconstruindo o Quilombo” vai realizar 100 visitas à residências dos remanescentes dos quilombolas entregando material preparado com a historia do município de Pimenteiras do Oeste, e suas manifestação culturais. “O propósito deste projeto é que seja realizado duas palestras educativas culturais sobre a formação do município de Pimenteiras do Oeste que foi fundada por Quilombolas do Quartiterê, e uma oficina de capoeira e uma de dança do congo e também realizar um debate com estudiosos, autoridades, lideranças do movimento negro, artistas e a população em geral, do município sobre o papel da cultura negra na sociedade”, disse Washington.

A ação ainda vai contar com o apoio da jornalista Andréia Machado, que assim como Washington fez parte do projeto Hatisu, do Ponto de Cultural Cone Sul Plural. Washington já realizou um documentário chamado “Hatisu a historia da memória” da produção da “Revista Cultural Aventuras na Amazônia” patrocinada pelo Ministério da Cultura e também do projeto de “Educação Ambiental Para um Futuro Melhor” patrocinado pelo Banco da Amazônia em 2011. Em 2008 teve duas fotos publicadas no livro” Cultura e Extensão Universitária” organizado por Alberto Ferreira Rocha Junior, distribuído pela a Malta Editores.

       O segundo projeto chamado “A Ferrovia do Diabo – A Lenda dos Olhos de Diamante” é de autoria do jornalista Flávio Godoi que vai montar uma revista em quadrinhos, baseada em um roteiro ficcional escrito pelo próprio jornalista, que tem como plano de fundo a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré que neste ano completa 100 anos de sua conclusão. “O roteiro da trama é voltado para jovens, pois conta com muita aventura e emoção. A ideia é que esta nova geração saiba a importância dos heróis que enfrentaram a selva para construir a ferrovia que hoje é símbolo de nosso Estado”. De acordo com Godoi, o modelo História em Quadrinhos (HQ) será pioneiro no município.

Os projetos serão executados até o mês de agosto deste ano.

terça-feira, 3 de abril de 2012