Uma muralha tão alta que poucos conseguem superar os obstáculos e olhar além de suas paredes. Esta muralha está por toda parte da vida em sociedade. Trata-se da muralha do preconceito, uma das mais resistentes já criadas pelo ser humano. Mas afinal, o que há por trás das paredes da discriminação? Se há algo oculto, só existem duas formas de aceitar como ele foi parar onde está: ou alguém o escondeu, ou o que quer que esteja por trás das muralhas do preconceito se ocultou por espontânea vontade. Para compreender quais razões, como vivem e o que fazem os sujeitos que habitam o outro lado do mundo separado pela muralha, o documentário “O Que Há Por Trás?” procurou dar voz a um grupo constantemente discriminado: as travestis.
O curta-metragem
de dezenove minutos mostra o cotidiano e a intimidade de três travestis: Paola,
Leo e Lorena. Elas se prostituem em Vilhena, na clássica Avenida Presidente
Nasser. Dentre revelações polêmicas sobre como acontece um programa, o filme
aborda, por meio de depoimentos e histórias de vida dos personagens, o
descobrir-se homossexual ainda na infância, o modo de vida itinerante nos pólos
de prostituição do Estado e os sonhos das travestis ainda vítimas do
preconceito da sociedade.
O
curta-metragem não trás respostas, apenas indaga e promove uma reflexão. O
duplo-sentido do título chama atenção e serve para revelar o lado que as
pessoas não enxergam por baixo da maquiagem e da condição de vida das
travestis.
O documentário
“O Que Há Por Trás?”, foi produzido pelos membros do grupo Serpentário produções Andréia Machado, Flávio Godoi, Dennis Weber e Washington
Kuipers. Segundo Flávio, as palavras
“travesti” e “prostituição” são tão marcantes e rejeitados pela sociedade que,
durante a realização do documentário, a equipe responsável pela sua produção
provou um pouco do preconceito através de comentários de discriminação
publicados na internet.
Segundo
Andréia, a intenção, ao produzir o documentário, foi de lutar contra a
homofobia e preconceito direcionados às travestis. “Pretendemos, assim, durante
as exibições do documentário promover debates sobre a violência cometida contra
o grupo minoritário das travestis, além
de desenvolver a cidadania desse grupo que, dentre os excluídos GLBTTT, são os
mais marginalizados e estão fora de qualquer possibilidade de inclusão social,
seja na escola, na saúde, na família e no mercado de trabalho. Com acesso
gratuito a essa expressão cultural, busca-se minimizar preconceitos através da
arte e do conhecimento.”, explica Andréia. O documentário vilhenense foi
postado na internet e mais de 50 mil pessoas já assistiram a produção.
De acordo
com Andréia, o documentário “O que há por trás?” privilegia a cultura da
diversidade, abordando as múltiplas interpretações sobre gênero, sexualidade,
orientações sexuais, identidades que fogem aos esquemas binários (masculino e
feminino). O documentário já foi exibido para acadêmicos de vários cursos da Universidade
Federal de Rondônia (Unir) e da Faculdade da Amazônia – FAMA, além de pessoas
ligadas a vários setores da sociedade que participaram do lançamento da obra
audiovisual. “O que há por trás?” também
já foi exibido no festival “Só Curtas”, de Ji-Paraná (RO) e na IV Mostra do
Filme Etnográfico, em Manaus (AM).
“O Que
Há Por Trás?” recebeu o Prêmio do Júri do Festival Só Curtas realizado em
Ji-Paraná, na categoria documentário. O prêmio foi conquistado pela abordagem
do tema “preconceito” de forma leve e criativa, foi o que destacou o júri
formado por uma comissão de Porto Velho. A produção recebeu ainda o Prêmio Casa
Rondon de Comunicação, em Vilhena (RO). O filme foi exibido em Goiânia (GO),
além de outros festivais nacionais, provocando assim uma reflexão sobre a homofobia.
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